O IV Congresso Luso-Espanhol de Pecuária Extensiva, realizado em Ourique e Beja, Portugal, nos dias 14 e 15 de novembro de 2024, destacou-se pela discussão de temas cruciais para o futuro do setor, nomeadamente a sustentabilidade e a renovação geracional. Estes temas estão perfeitamente alinhados com os desafios futuros da Política Agrícola Comum (PAC).

Um dos principais problemas abordados foi a renovação geracional no setor agrícola, considerado o maior problema estrutural por resolver. Atualmente, apenas 3,1% dos jovens agricultores na Europa têm menos de 40 anos. Para enfrentar este desafio, foi enfatizada a necessidade de políticas de integração de migrantes e de incentivos financeiros e fiscais que tornem o setor mais atrativo para os jovens. Além disso, a desburocratização das obrigações administrativas e o acesso facilitado aos apoios nacionais e comunitários foram apontados como medidas essenciais. As organizações de produtores também desempenham um papel fundamental na definição de estratégias e na implementação de planos de ação que assegurem a renovação de gerações.

Outro ponto de destaque foi a sustentabilidade e a visibilidade das atividades rurais, que muitas vezes não são devidamente valorizadas pelas sociedades urbanas. Com a globalização, as preocupações urbanas têm se voltado mais para questões ambientais, de alteração climática e de bem-estar animal, muitas vezes penalizando os agricultores. Para enfrentar esses desafios, é necessário que as unidades de produção se tornem mais eficientes, utilizando tecnologias avançadas e melhor gestão. A integração vertical das estruturas associativas em agrupamentos de produtores de maior dimensão também foi apontada como uma forma de ganhar escala, eficiência e maior retorno econômico.

A sanidade animal foi outro tema de grande importância discutido no congresso. A saúde animal tem um impacto significativo na saúde pública e ambiental, bem como na viabilidade econômica das explorações. A vacinação foi destacada como o método mais eficiente e econômico para controlar doenças como a Língua Azul. A necessidade de estimular a investigação e o desenvolvimento de vacinas multivalentes, utilizando metodologias genómicas, também foi enfatizada.

A produção animal extensiva, indissociável do ecossistema montado na Península Ibérica, requer medidas da PAC ajustadas às especificidades dos territórios. Apoios baseados na área de produção, investimento público em redes de fornecimento de água e medidas específicas para combater os efeitos das alterações climáticas foram algumas das soluções propostas. Além disso, a compreensão do mercado de créditos de carbono e a garantia de acesso das explorações pecuárias a este mercado foram considerados essenciais.

A qualidade e a comercialização dos produtos da pecuária extensiva também foram temas centrais. A organização e a comercialização conjunta são fundamentais para obter rendimentos justos para os produtores. A promoção dos produtos da pecuária extensiva só é possível se os produtores estiverem integrados em estruturas associativas, ganhando assim escala e poder negocial.

Por fim, foi discutida a necessidade de reavaliar e ajustar as medidas da PAC às especificidades dos sistemas de produção animal extensiva. A PAC deve focar-se na rentabilidade dos agricultores e na cooperação entre países, evitando a renacionalização da política. A remuneração dos serviços ambientais e de bem-estar animal a partir de outras fontes de financiamento também foi considerada crucial.

O IV Congresso Luso-Espanhol de Pecuária Extensiva sublinhou a importância de políticas e medidas específicas para garantir a sustentabilidade e a renovação geracional no setor, promovendo a valorização das atividades rurais e a eficiência produtiva.

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