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Desertificação, catástrofe silenciosa

ridoEmbora Portugal seja um país com precipitação média anual da ordem dos 700 mm, a distribuição pluviométrica, cada vez mais irregular, gera problemas de escassez de água no período de abril a setembro, com particular incidência no sul e interior centro e norte.
De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), a desertificação afeta atualmente mais de 1/3 da superfície terrestre e mais de 1/5 da população mundial, sendo um dos processos de degradação ambiental mais preocupantes à escala global.
Em Portugal o conceito de desertificação tem sido por vezes confundida com Despovoamento.
A desertificação é a perda da capacidade produtiva dos ecossistemas causada pela atividade humana. Por outras palavras, é uma diminuição progressiva da fertilidade do solo, pela destruição da sua estrutura e composição, o que não permite boas produções agrícolas, nem a existência de uma vegetação com variedade de espécies naturais.

São vários os fatores que contribuem para a Desertificação. Uns são causas naturais (chuvas intensas, ocorrência de secas), outros estão diretamente ligados às atividades humanas (agricultura, indústria entre outras).
As condições ambientais, podem originar erosão genética da fauna e flora, extinção de espécies e proliferação eventual de espécies exóticas.
O que acontece é que os solos começam a ficar cada vez mais estéreis, o que significa que há perda de nutrientes e incapacidade de fazer nascer qualquer tipo de vegetação.
Sem vegetação, as chuvas vão rareando, o solo vai ficando árido e sem vida, e a sobrevivência fica difícil. Os residentes nesses territórios, agricultores e outros empresários, abandonam essas terras e vão procurar outros locais para viver.
Nas regiões semiáridas a ação humana intensifica os processos de desertificação. As atividades agropecuárias insustentáveis são responsáveis por processos letais para os ecossistemas: a salinização de solos, o sobre pastoreio e o esgotamento do solo pela utilização intensiva e insustentável dos recursos hídricos ou inadequado maneio ao nível das explorações pecuárias.
Por seu lado, as atividades agrícolas, por se basearem na utilização do solo, contribuem decisivamente para a Desertificação. Assim, podem-se identificar uma série de práticas e ações nocivas que degradam o solo e o ambiente.

No caso das pastagens:

  • Sobre pastoreio;
  • Excesso de encabeçamento;
  • Utilização de espécies mal adaptadas às condições de solo e clima;
  • Compactação da superfície do solo pelo pisoteio do gado;
  • Aparecimento de uma rede de trilhos, que favorece a escorrência da chuva.

Quanto às terras aráveis:

  • Remoção do coberto vegetal;
  • Práticas agrícolas incorretas, como lavouras profundas e sucessivas, no sentido da maior inclinação do terreno;
  • Perdas de matéria orgânica, pela lixiviação do solo por água da chuva;
  • Destruição da estrutura do solo, por meio de mobilizações frequentes;
  • Compactação – uso de maquinaria pesada;
  • Monoculturas (ex. trigo, vinha, entre outras);
  • Espécies inadequadas às condições de solo e clima;
  • Poluição – contaminação por resíduos tóxicos, e produtos químicos (fertilizantes, herbicidas, pesticidas).

Quanto ao regadio:

  • Práticas agrícolas inapropriadas, como o uso excessivo de água (erosão);
  • Salinização – formação de películas de sal à superfície do solo, devido à utilização, para irrigação, de águas subterrâneas com elevados teores em sais;
  • Diminuição preocupante da quantidade de água subterrânea existente;
  • Perda de fertilidade do solo por continua utilização (esgotamento).

No que se refere à Floresta:

  • Desflorestação;
  • Utilização de espécies exóticas de crescimento rápido, como o eucalipto;
  • Ocorrência de incêndios.

Em relação a outras atividades:

  • Impermeabilização – infraestruturas e urbanização;
  • Consumo excessivo do recurso água em áreas turísticas.

Todas estas atividades conduzem e intensificam os processos de erosão do solo, pela ação da água da chuva. As gotas de água ao caírem sobre o solo desprotegido e desagregado, fragmentam os agregados em partículas que, depois, são facilmente transportadas pelas águas de escorrência à superfície.

Por seu lado, o crescimento demográfico e a consequente procura de energia e recursos naturais também exerce pressão pela utilização intensiva do solo e dos recursos hídricos.
As consequências deste processo geram grandes problemas sociais, económicos e culturais. Em primeiro lugar, reduz a oferta de alimentos. Além disso, há o custo de recuperação da área ambiental degradada. Do ponto de vista ambiental, a perda de espécies nativas vegetais e animais é uma consequência dramática.
Finalmente, em termos sociais: tem se verificado a migração das populações para as zonas urbanas e periurbanas, gerando a pobreza, o desemprego e a delinquência.
Portugal é um dos países europeus com maior risco de desertificação, sobretudo a sul do rio Tejo.

A nível da União Europeia, merece destaque a Agência Europeia do Ambiente (AEA), instituição cuja missão consiste em fornecer informação independente sobre o ambiente, por forma a ajudar os responsáveis políticos em vários domínios a tomar decisões e elaborar políticas ambientais bem fundamentadas. Para a prossecução deste objetivo, a AEA trabalha em estreita colaboração com a Comissão Europeia, o Parlamento Europeu e o Conselho de Ministros. Colabora igualmente com o Comité das Regiões e o Comité Económico e Social, bem como as agências europeias dos Estados membros.
A AEA utiliza 122 indicadores, abrangendo 13 tópicos ambientais (Poluição atmosférica, Biodiversidade - Ecossistemas, Adaptação às mudanças climáticas, Mitigação das mudanças climáticas, Energia, Meio ambiente e saúde, Indústria, Uso da terra, Eficiência e desperdício de recursos, Solo, Transições de sustentabilidade, Transporte, Água e ambiente marinho).

Em Portugal, o Instituto Nacional de Estatística disponibilizou, pela primeira vez em 2009, informação sobre os principais indicadores agroambientais – IAA. Os IAA pretendem identificar, qualificar, quantificar e avaliar tendências das interações mais significativas entre a agricultura e o meio ambiente, nomeadamente em termos das pressões poluidoras e da redução dos recursos naturais.
Por outro lado, foi criado o Centro de Competências para a Desertificação, em 19/07/2018, que tem como missão promover o desenvolvimento e sustentabilidade do combate à Desertificação pela via do reforço da investigação, da formação, da capacitação, da promoção da inovação e da transferência e divulgação do conhecimento.

Como se pode concluir, estamos perante um fenómeno grave, a que os governos e as populações não têm dado muita atenção.

Por esse motivo é fundamental ter consciência que a Desertificação existe, está em curso e que é urgente tomar medidas para que não avance.
Apesar de existir um Plano Nacional de Combate à Desertificação, elaborado na sequencia da assinatura da Convenção de Combate à Desertificação e à Seca das Nações Unidas, está nas mãos de todos, contribuir, para a conservação de recursos vitais como o solo e a água, porque o futuro depende das ações e atitudes do presente.

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